Masturbação

     A masturbação é o acto de estimular os órgãos genitais, manualmente ou por meio de objectos, com o objectivo de obter prazer sexual, seguido ou não de orgasmo, sendo uma prática sexual não penetrativa. Podendo ser auto aplicada, quando o que promove a estimulação é o mesmo que a recebe ou pode ser aplicada a uma pessoa diferente, quando um individuo promove estimulação a outro. Na espécie humana, a masturbação é comum em ambos os sexos e numa larga faixa etária, iniciando-se no início da puberdade, ou, segundo alguns psicólogos, ainda durante a infância - mas sem a carga erótica nesta fase. O acto da masturbação é socialmente condenável em algumas culturas, embora não seja uma doença, nem cause doenças.

História:

    Na era do paleolítico (10000 a.C.) existem os primeiros registos de que o Homo sapiens já se masturbava, através de inscrições a retratar figuras de masturbação solitária ou colectiva, e ainda como forma de ritual.
    Na Grécia Antiga, onde havia uma doutrina sexual bastante livre, a masturbação era um acto usual e aceite de forma muito natural.
    No Antigo Egipto a masturbação era uma prática colectiva feita em santuários de adoração as divindade. Aquando da morte das mulheres, estas eram mumificadas com os objectos fálicos utilizados por elas, uma espécie de vibrador de argila.
    Os Maias possuíam rituais de masturbação e desenhavam esses rituais em pedras que se encontram hoje em ruínas.
    Os Indianos tinham a crença de que a masturbação acarretava perda de energia vital e evitavam a prática para se sentirem mais fortes. O esperma era considerado o elixir da vida e deveria ser conservado dentro do corpo o maior tempo possível. Veio daí a crença de que a masturbação deixa as pessoas fracas e poderia levá-las até a morte. Nesse contexto desenvolveu-se o sexo tântrico e a masturbação tântrica.
    No Império Romano era comum que o homem se masturbar-se horas antes da relação sexual para retardar a ejaculação no coito com a parceira. Hoje em dia esta prática é indicada para o tratamento de ejaculação precoce.
    

    Com a chegada da cultura judaico-cristã no Ocidente, iniciou-se um processo de repressão, por motivos morais e religiosos, nomeadamente o desperdício voluntário de esperma. Esta prática era considerada um pecado grave, punido, algumas vezes, com pena de morte. Este fenómeno teve dois grandes responsáveis: a Igreja Católica e a Medicina.

    A Igreja Católica classificou-a como um pecado contra natureza, mesmo pior do que incesto. A descoberta do espermatozóide, em 1677, motivou a Medicina a associar-se à Igreja Católica para qualificar a masturbação como uma doença abominável e um mal moral, uma vez que o espermatozóide veio a ser considerado como um bebé em miniatura. A repressão da masturbação foi, consequentemente, regra nos Séculos XVII a XIX. Era vista como uma doença que provocava distúrbios do estômago e da digestão, perda do apetite ou fome voraz, vómitos, náuseas, debilitação dos órgãos respiratórios, tosse, rouquidão, paralisias, enfraquecimento do órgão de procriação a ponto de causar impotência, falta de desejo sexual e ejaculações nocturnas e diurnas.     Criaram-se mitos fortemente negativos relativamente à prática da masturbação visando o desencorajamento do acto nos jovens. Isto levou a que houvesse muitos casos de jovens com complexos de culpa, medo e recalcamentos. Vários mitos populares que visam desencorajar a prática da masturbação remontam aos séculos XVIII e XIX, quando a sociedade europeia promoveu a censura da sexualidade. No entanto, no início do século XX, surgiram novos estudiosos, como Sigmund Freud, com novas linhas de pensamento que levaram a uma visão diferente da masturbação. Hoje em dia, o peso histórico da carga negativa e pecaminosa desta actividade ainda existe nalgumas pessoas, inibindo-as da vivência plena da sua sexualidade ou mesmo atrofiando o seu natural desenvolvimento psicossexual. Actualmente, o novo Catecismo da Igreja Católica classifica-a de "desordem moral" a ser vencida pelo crente. O acto é ainda condenado pelas religiões evangélicas.
    No final do século XX foi criado um consenso por profissionais de saúde de que masturbação é saudável, e com o início da especialização académica em sexualidade este acto foi defendido por especialistas como parte do desenvolvimento sexual de uma pessoa normal. Tem sido bastante notório o crescimento do mercado de vibradores em todo mundo, já havendo lojas na Internet. Recentemente, estudos mostraram que a masturbação pode prevenir o cancro da próstata nos homens e aliviar os sintomas de depressão.

Técnicas:

Masturbação Feminina

    A masturbação feminina baseia-se na pressão/fricção da vulva, especialmente do clítoris, com os dedos. Também pode haver a colocação de dedos na vagina de modo a promover a estimulação interna. A masturbação pode ser auxiliada com objectos como vibradores e dildos, usados, também, na estimulação vaginal e do clítoris. Sempre existiu um receio de que a masturbação com objectos por parte dos adolescentes poderia fazer com que se perdesse a virgindade, o que não é verdade, embora em raríssimos casos possa haver o rompimento do hímen.

     A masturbação feminina tem representado uma espécie de libertação sexual e de alívio para muitas mulheres. É praticada na busca do orgasmo que nem sempre é alcançado numa relação sexual com o parceiro ou então para o conhecimento do próprio corpo e até mesmo para preencher os momentos de solidão. Serve também como um complemento após o coito já que o prazer feminino é contínuo e mais longo do que o masculino, o qual termina com a ejaculação. Ao contrário da masturbação masculina, em que o desejo sexual pode diminuir após a ejaculação, muitas mulheres ficam ainda mais excitadas depois de se masturbarem o que se pode tornar uma preparação para o sexo penetrativo.

Masturbação Masculina

    A maioria dos homens masturba-se ao agarrar o pénis com a mão e fazer movimentos de cima para baixo ou de trás para a frente consoante a posição do individuo. Pode ainda utilizar ambas as mãos, enquanto uma acaricia o pénis a outra estimula outra zona do corpo como os testículos ou os mamilos. É bastante frequente o uso de lubrificantes externos, ou seja, não produzidos pelo corpo, a fim de facilitar o deslizamento da mão sobre a glande. Também existem objectos que os homens podem utilizar para se satisfazer. Existem aparelhos mecânicos e eléctricos como vaginas artificiais, bonecas insufláveis e bombas de vácuo. Podem ainda recorrer ao uso de vibradores.

     A masturbação pode ser considerada como um método contraceptivo uma vez que satisfaz o desejo sexual, sem que ocorra coito ou troca de fluidos, sem o risco de culminar uma gravidez. É uma alternativa para jovens adolescentes com complexos em comprar qualquer tipo de contraceptivo ou para casais restritos em termos de métodos, que evitam o uso de preservativo por acharem que diminui o prazer. A masturbação não provoca infertilidade e não apresenta uma influência negativa na produção de espermatozóides. Para além de evitar gravidezes, é também eficiente quanto às infecções sexualmente transmissíveis. Como não ocorre troca de fluidos entre parceiros é raríssimo o caso em que ocorra transmissão de doenças. Mesmo funcionando como um método seguro de prevenção de AIDS e IST, bem como de contracepção, pode não ser recomendável que um casal pratique a masturbação mútua sem ter alguns preservativos por perto, considerando a possibilidade dos parceiros não se conterem durante o momento e praticarem o sexo penetrativo sem nenhuma protecção. Até mesmo porque a masturbação quando praticada na mulher pode despertar mais ainda o seu desejo pelo coito vaginal. 

Tal como a masturbação, as fantasias sexuais, as orgias, o sexo oral e o sexo anal também são comportamentos relativos à sexualidade dita normal.