Sistema reprodutor humano
Todos os seres vivos têm um tempo limitado de vida: nascem, crescem, envelhecem e morrem, e é a capacidade de reprodução que assegura a continuidade das espécies. Na espécie humana, a reprodução traz prazer e é uma forma de manifestar o carinho pelo parceiro, sendo a relação sexual uma das expressões mais íntimas que pode haver entre duas pessoas.
O sistema reprodutor é composto por um sistema de órgãos internos e externos que trabalham conjuntamente na reprodução, salientando-se diferenças entre o masculino e o feminino. Estas diferenças permitem uma combinação do material genético entre indivíduos de sexos opostos, possibilitando, à descendência, uma maior capacidade adaptativa.
Sistema reprodutor masculino:
No ser humano, o aparelho reprodutor masculino funciona à base de estímulos físicos e nervosos e dispõe de uma parte interna e outra externa. A principal função deste aparelho é facultar espermatozóides capazes de fecundar os óvulos femininos.
Parte externa:
O pénis é o órgão muscular encarregado de depositar os espermatozóides no interior da vagina. Quase todo o corpo do pénis é composto por três espaços cilíndricos de tecido eréctil, formados por vasos sanguíneos. Os dois maiores são os corpos cavernosos e estão localizados em ambos os lados; o terceiro é o corpo esponjoso que
A estimulação e o prazer sexual são da responsabilidade da glande, tecido epitetal fino e sensível. Contém uma grande quantidade de terminações nervosas que, ao simples toque, pode estimular a erecção. Esta estrutura é revestida pelo prepúcio (camada de pele que a protege). Aquando da erecção o prepúcio é recolhido e a glande fica exposta.
O escroto é um saco de pele fina que rodeia e confere protecção aos testículos. Actua como um sistema de controlo da temperatura dos testículos uma vez que estes precisam de estar a uma temperatura ligeiramente inferior à do corpo, favorecendo o desenvolvimento normal dos espermatozóides. As paredes do escroto possuem músculos que podem contrair-se ou relaxar-se, permitindo aos testículos estar mais afastados, para arrefecerem, ou mais próximos do corpo, para aquecerem.
Parte interna:
Os testículos (gónadas sexuais masculinas) encontram-se dentro do escroto e são os órgãos nos quais ocorre a produção de espermatozóides e algumas hormonas, funcionando, assim, como glândulas. Internamente, cada um dos dois testículos encontra-se dividido em lóbulos, sendo que cada lóbulo testicular apresenta um a quatro tubúlos seminíferos. Estes encontram-se densamente enrolados e são bastante irrigados por vasos sanguíneos e linfáticos. É graças a esta organização/disposição que a área de produção de espermatozóides aumenta significativamente.
No interior dos túbulos seminíferos presenciam-se células da linha germinativa, em diferentes estádios da espermatogénese (processo de diferenciação celular responsável pela formação de espermatozóides, que ocorre nos testículos e implica divisões meióticas e mitóticas), e células de Sertoli. Entre estes tubos situam-se as células de Leydig ou células intersticiais. São estas células que são responsáveis pela produção de testosterona nos homens.
A contínua produção de fluidos nos tubos seminíferos gera um gradiente de pressão que encaminha os espermatozóides para os epidídimos. Esta estrutura é responsável pela síntese de nutrientes, hormonas e enzimas que auxiliam a maturação final dos espermatozóides, que ficam prontos a fecundar o oócito II da mulher.
O epidídimo é um tubo densamente enrolado que estabelece a comunicação entre o testículo e o canal deferente.
Quando há estimulação do pénis, os músculos que circundam os epidídimos começam a contrair-se ritmicamente, impulsionando os espermatozóides até aos canais deferentes. Estes são dois ductos, que vão dos testículos para a cavidade abdominal, circundando a bexiga e libertando o seu conteúdo na uretra. Durante este percurso os espermatozóides passam por glândulas anexas, recebendo secreções originárias destas que vão constituir o esperma.
Das vesículas seminais, que se localizam uma de cada lado da bexiga, provem o líquido seminal, que nutre e facilita a mobilidade dos espermatozóides. Este líquido é bastante rico em frutose que age como uma fonte de energia.
A outra glândula é a próstata que se localiza abaixo da bexiga. Esta glândula segrega substâncias alcalinas que neutralizam a acidez da vagina e activam os espermatozóides, conferindo-lhes maior mobilidade.
Durante a ejaculação, a válvula da próstata abre-se e o esperma é impulsionado para a uretra. Uma vez que esta tem uma função dupla no homem, tanto pertence ao sistema urinário como reprodutor, durante a ejaculação o esfíncter contrai-se bloqueando a saída da bexiga e impedindo, assim, a passagem de urina para a uretra.
O esperma ao passar pelo interior da uretra junta-se com secreções provenientes das glândulas de Cowper, que se situam em cada um dos lados da uretra. Estas glândulas produzem um pequeno volume de um fluido alcalino e mucóide, que neutraliza a acidez da uretra e funciona como lubrificante do pénis.
Sistema reprodutor feminino:
O aparelho reprodutor feminino, tal como o masculino, é um sistema de órgãos, internos e externos, que visa a reprodução. As principais funções deste sistema são: produção de gâmetas e o transporte destes até ao local de fecundação; produção de hormonas; receber o esperma; e assegurar o desenvolvimento embrionário durante a gestação.
Parte externa:
Ao conjunto de órgãos externos femininos dá-se o nome de vulva. A vulva é constituída pelos grandes lábios, os pequenos lábios e o clítoris.
O tamanho e a forma dos lábios vaginais varia de mulher para mulher e estes sofrem intumescimento quando sexualmente excitada. Os pequenos lábios encontram-se mais internamente em relação aos grandes lábios, mas por vezes podem ser mais compridos que os grandes, expandindo-se para fora destes.
Os grandes lábios são volumosos e carnudos, contêm glândulas sudoríparas e sebáceas que segregam óleo. Durante a puberdade cobrem-se de pelos púbicos.
Mais internamente encontram-se os pequenos lábios que envolvem/rodeiam a abertura da vagina e o orifício da uretra, conferindo-lhes protecção
O clítoris é o nome que se dá ao órgão alongado e eréctil, localizado na parte superior da vulva. Tem uma função exclusivamente no prazer sexual. É preenchido internamente por gordura e tecido muscular e, por fora, é revestido por uma epiderme muito fina. É no ápice do clítoris, chamado de glande, que se encontram a maior parte das terminações nervosas responsáveis pela sensação de prazer. A cobrir esta estrutura (glande) encontra-se o prepúcio. É durante a excitação sexual que o clítoris sofre erecção devido a acção de músculos, fazendo com que a glande emerja do prepúcio e se torne mais acessível e sensível ao toque, pressão e temperatura.
Parte interna:
Os ovários têm a mesma origem embrionária que os testículos e produzem, também, hormonas e as células germinativas, daí serem considerados as gónadas femininas. São dois órgãos de forma oval e situam-se na zona pélvica. Apresentam duas zonas distintas: a zona medular e a zona cortical.
A zona medular localiza-se mais internamente, tem um tecido conjuntivo frouxo (parte do tecido conjuntivo que tem distribuição mais ampla pelo corpo) muito vascularizado e com terminações nervosas.
A zona cortical é mais superficial, com folículos ováricos em diferentes estádios de desenvolvimento, sendo cada um deles constituído por uma célula da linha germinativa, rodeada por uma ou mais camadas de células foliculares, nutrindo-a e protegendo-a.
As trompas de Falópio são estruturas tubulares que ligam os ovários ao útero. As suas terminações, rodeadas por fímbrias, possuem internamente cilícios que impelem o oócito II para o interior das trompas. Caso o oócito II encontre um espermatozóide dá-se a fecundação (nas trompas) gerando-se um óvulo que de seguida vai para o útero onde se vai implantar e desenvolver. Se tal não acontecer, o oócito II é transportado directamente para o útero onde sofre posterior destruição.
O útero é um órgão oco, de paredes musculares espessas. Está localizado na parte inferior da pelve/abdómen. A sua parede possui um revestimento interno (endométrio), que é uma camada mucosa e granular, e uma camada média muscular grossa (miométrio). A principal função do útero é receber os embriões que se implantam no endométrio e suportar a gravidez. As paredes uterinas contraem e relaxam durante a estimulação sexual e o trabalho de parto, facilitando, neste caso, a expulsão do bebé. A estreita passagem na extremidade inferior do útero denomina-se canal cervical e a terminação do útero, que contacta com a vagina, chama-se colo do útero ou cérvix.
A vagina é um órgão musculoso que se estende do colo do útero até à vulva. De cada lado da abertura externa da vagina encontram-se as glândulas de Bartholin que têm a função de preparar o canal vaginal (parte interna da vagina) para o acto sexual ao efectuar a lubrificação deste. As suas paredes, tais como as paredes uterinas, têm a propriedade de se contrair e relaxar. A abertura da vagina é parcialmente coberta pelo hímen, membrana que pode ser rompida por uma actividade física acentuada ou aquando da primeira relação sexual.